segunda-feira, 5 de julho de 2010

A Copa em Gana, por quem está lá

Gana foi sem dúvida uma das revelações desta Copa do Mundo. O time africano a ir mais longe na competição mostrou muita garra e vontade em todos os jogos. Além disso, os jogadores deram show em alegria. As coreografias que criaram para comemorar os gols são para jogador do Santos nenhum colocar defeito. Infelizmente, eles voltaram para a casa no mesmo dia que o Brasil, mas com certeza deixaram sua marca na história do futebol africano.

A jornalista brasileira Jaqueline Harumi está em Gana há quase seis meses. Ela enviou para o nosso blog um relato de suas impressões sobre o país e algumas fotos interessantes. Confira:












"Definitivamente os ganenses podem ser considerados apaixonados por futebol. Senti isso desde a primeira vez que mencionei o meu país de origem. Sim, sou do país do futebol! E daí para frente vieram nomes marcantes de brasileiros que dão/deram show de bola no esporte: Kaká, Ronaldo, Ronaldinho, Bebeto, Pelé... E também veio a lembrança de que Gana não passou das oitavas no passado por conta do Brasil e que não gostariam de enfrentar o Brasil mais uma vez - uns dizem porque somos fortes, outros porque não merecemos pelo nosso pensamento de que a Copa nos pertence.



Jaqueline com amigas no jogo Gana x Alemanha




Se estou em uma país no continente da Copa 2010 e ainda por cima apaixonado por futebol, com certeza deveria desfrutar de todos os jogos em bares, na rua, em casa ou até mesmo acompanhando pela TV no intervalo do trabalho ou pela internet mesmo. E quem diria que veria meu time do peito e meu time "adotado" avançarem até as quartas? Foi adrenalina pura me vestir com as cores da bandeira, pendurar o apito no pescoço e gritar, gritar muito (até em cima de camionete com a bandeira de Gana eu sai gritando por Acra, capital ganense).













Pena que ambos os países não passaram dali - sexta-feira, dia 2, foi uma tristeza só: sem vontade de tirar fotos, sem ânimo nem para prestar atenção no gol ganense que poderia ter sido e não foi.
Os ganenses sentiram muito a saída do time da Copa, ainda mais porque acharam injusta a vitória do Uruguai, mas ao mesmo tempo se sentem orgulhosos de terem ido tão longe na competição como nenhum outro time africano. Dentre eles se divergem quanto à justiça ou não da saída dos Black Stars: uns dizem que não jogaram o suficiente, outros dizem que foi falta de sorte. Logo depois do jogo que eliminou o Brasil o clima de zoação foi grande. Depois que Gana também deu adeus nas quartas, o silêncio foi inevitável, bem como o sentimento recíproco de que poderíamos ter ido além e não o fizemos.










Prestes a conferirmos a final, posso dizer da minha Copa no exterior: torcer para o Brasil no Brasil não tem preço, já que brasileiro que é brasileiro entende o sofrimento, os gritos, o silêncio, o choro...; aderir à torcida do país em que você está é uma ótima escolha, porque você se sente um deles, na mesma vibração e torce duas vezes mais; ser brasileiro durante a Copa causa muita dor de cotovelo e agouro; ser branca torcedora de país africano é chamar atenção por natureza - aparecemos na TV nacional durante a transmissão do primeiro jogo de Gana (eu, inclusive, fui entrevistada); e, por fim, sim, você pode ter vários rivais por perto mesmo acompanhando competição internacional."

2 comentários:

  1. Chorei quando Gana foi eliminada. Última chance de um time africano ir para as finais.
    Que jogo! Que emoção! Até aqui o final daquele jogo foi o mais emocionante desta Copa. E você aÍ, EM Gana, está sentindo como nós brasileiros (as) somos amados, respeitados e até "idolatrados" no exterior. Parabéns pelo post! Muito legal mesmo!

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  2. Jaqueline!
    Muito obrigada pelo belíssimo texto. Adorei sentir a emoção da alegria ganesa em tempos de Copa do Mundo. As fotos estão super expressivas e a emoção, latente nas suas palavras.
    Divulgue para os amigos o nosso blog e seja sempre bem-vinda quando quiser enviar textos, matérias e/ou comentários. Do Brasil, ou da África!
    Um abraço!

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