quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Ano novo, vida nova

Depois de exatos sete meses de existência, mudamos de casa! Precisávamos renovar o ambiente para abrigar as reportagens que ainda estão por vir.

Obrigada pela companhia nesses meses e pelo incentivo de leitores e amigos! Esperamos por todos no novo endereço:

www.pelobrasilpelomundo.com




domingo, 2 de janeiro de 2011

Virando o ano em Copacabana

Sabe essas festas que aconteceram nos últimos dias, quando fogos de artifício explodiram nos céus de todo o mundo e garrafas espalharam champanhe pelos ares? Pois é, isso indica que o ano virou de novo. É a vez de 2011, da década de ouro de muitos lugares por aí. No Brasil, andam alardeando que é justamente a década dourada do Rio de Janeiro. Chegou a vez de a cidade provar o porquê de ser tão famosa nos quatro cantos do planeta.

A começar pelo Réveillon de Copacabana, não vai ser nada difícil conquistar o coração de brasileiros e estrangeiros. Sim, eu estive lá e vi que o Rio já tomou conta do coração de todos quando chega a data mais comemorada de sempre: o 1º de Janeiro.

Pegando o bonde para as areias de Copacabana

A noite começa em uma estação de metrô qualquer. Para encontrar as praias que já estiveram abarrotadas de gente durante o dia, você precisa garantir o seu bilhete especial de Réveillon. Só não se esqueça que outros 2 milhões de pessoas estarão atrás do mesmo ticket especial. Assim sendo, compre o seu o quanto antes. Funciona assim: as entradas para o metrô reservam o seu lugar em um horário definido. Quem fica sem o bilhete premiado, tem que viajar até às 19 horas ou depois das 7 da manhã do primeiro dia do ano novo.

Claro que a lei de Murfy estava ao meu favor. Por isso, corri para ajeitar os preparativos de ano novo, tomei o último banho do ano velho e consegui pegar o trem faltando vinte minutos pra hora limite.

Por incrível que pareça, as estações estavam tranquilas. E eu só ia entender o motivo quando chegasse a meia-noite.

A praia, o céu e muita expectativa

Não acredite em tudo o que você vê na TV. Copacabana fica lotada, sim, mas para frente do palco principal. Como era de se esperar, o show de Daniela Mercury, Alcione, Zeca Pagodinho e outros artistas foi preparado especialmente para os VIPs do Copacabana Palace. Dali até o outro ponto da praia, é um mar de gente. Arrisquei alguns minutos tentando ver a baiana soltando a voz em cima do palco, mas os organizadores insistem no erro de instalar os serviços de apoio bem na frente do palco. Talvez sem tantos caminhões e tendas atrapalhando a visão mais privilegiada do concerto, a multidão impedisse que os bambambãs apreciassem o show de camarote (quando os Rolling Stones estiveram lá em 2006, não foi diferente...).

Atrás do palco, o cenário muda. Há espaço de sobra na Atlântica e nas areias da praia. Até o mar recebe de braços abertos quem quer antecipar os pedidos a Iemanjá ou pular as sete ondinhas. Afinal, nunca é demais na hora de desejar saúde e sorte para o ano que vai nascer.

Contagem regressiva

Quando faltam quinze minutos, todo mundo resolve descer para a praia. Lembra que o metrô estava vazio cinco horas antes? Pois acho que a ceia se estende até quase o último minuto. As ruas que levam ao mar enchem-se de gente preparada para ver o espetáculo nos céus.

E depois dos 10 segundos finais, um dos mais belos Réveillons do mundo está inaugurado oficialmente. Enquanto a música explode nas caixas de som, o brilho dos fogos acompanha a melodia. Da música clássica até um sambinha que não poderia faltar, tudo parece ter sido muito bem ensaiado.

Quando tudo emudece, a alegria toma conta. No ambiente mais pacífico, no clima mais animado, tem lugar pra turma que trouxe o pandeiro e o violão. Quando eles passam cantando uma marchinha de Carnaval, a senhora bem arrumada abre o sorriso mais sincero e gentil da noite. Nas ruas, as pessoas vêm e vão procurando um cantinho para comemorar a primeira madrugada do ano. São milhares festejando vestidos de branco.

A chuva cai e ninguém se preocupa com isso. Todos mantêm o compromisso de esperar o sol nascer. Eu resolvo ir para o Arpoador, na festa mais surreal da minha vida. Descubro mais tarde que aquele era o point de críticos de arte e gente da alta roda carioca. Estava na festa de Ernesto Neto, que existe desde 1998.

É o Rio de Janeiro

No final das contas voltei de lá tendo a certeza de que o Réveillon carioca é realmente especial. Os fogos são um dos momentos mais belos que já presenciei; o furor nas ruas está longe de ser desorganizado; as pessoas estão ali para aproveitar a noite sem neuras ou vontade de ir embora. Nesse ano talvez tenha faltado apenas uma coisa: o sol. Porque às 7 da manhã as nuvens não arredaram pé. Mesmo assim, "o Rio continua sendo". Antes de chegar em casa, o bêbado preocupado pediu para o senhor que passava lhe dizer que horas eram. "Eu preciso tomar o meu antiinflamatório", explicou.

Ah, e para garantir que esse ano será inacreditável, o Mágico de Oz estava passando na mesma TV que nos iludia com a idéia de que não haveria lugar para nós em Copacabana.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz 2011!

Como não poderia deixar de ser, lá vou eu conhecer uma das atrações mais famosas do planeta: o Réveillon de Copacabana. E prometo trazer na bagagem uma videoreportagem mostrando tudo o que acontece nas areias da charmosa praia carioca.

Enquanto isso, para fechar o ano com chave de ouro, publico as fotos que a leitora portuguesa Maria José tirou pelas ruas de Braga, em Portugal. Assim como aqui, nossos compatriotas também sabem embelezar a cidade na época dos festejos natalinos.

Nos prédios, as luzes dão graça à arquitetura de construções erguidas no século XVIII. Com esse clima nostálgico, que nos remete à inesquecível época em que somos crianças e o Papai Noel vem nos visitar, desejo a todos um Feliz 2011.









terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Um dia em Tiradentes

Finalmente fui conhecer Tiradentes, em Minas Gerais - próxima parada da série Um dia em... A cidade histórica fica a 200 Km de Belo Horizonte e reserva encantos e surpresas de um lugar cercado por belezas naturais e contruções históricas. Depois desse aperitivo, o plano de conhecer todos os 20 municípios da Trilha dos Inconfidentes deve ser concretizado em 2011. Enquanto isso, veja um pouco do que Tiradentes pode reservar em algumas horas de caminhada por lá.



Quem quiser se aventurar por lugarejos mineiros pode incluir no roteiro as cidades da Trilha dos Inconfidentes:


Alfredo Vasconcelos
Antônio Carlos
Barbacena
Barroso
Carrancas
Conceição da Barra de Minas
Coronel Xavier Chaves
Dores de Campo
Entre Rios de Minas
Ibituruna
Lagoa Dourada
Madre de Deus de Minas
Nazareno
Piedade do Rio Grande
Prados
Resende Costa
Santa Cruz de Minas
São João del-Rei
São Tiago
Tiradentes

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Um dia na Trilha dos Inconfidentes

Aproveitei a semana do Natal para dar um pulinho em Minas e matar as saudades das comidas, das histórias e dos bons ares que sopram por lá. Em um dia ensolarado de começo de verão, coloquei os pés na estrada para conhecer uma região que merece a fama que tem. Consegui passar boas horas em São João del-Rei, Ritápolis e Tiradentes, claro. Ainda faltaram Prados, Bichinho e Resende Costa, das quais ouvi falar muitíssimo bem.

O dia começa na primeira, onde consegui caminhar pelo centro por uma horinha. Vi a estação de trem e já planejei Um dia em... mostrando o tão esperado passeio na Maria Fumaça, que nos leva até Tiradentes. Descobri que o trem parte às sextas, sábados, domingos e feriados e já incluí o roteiro na agenda do próximo ano.


Também passei pela Prefeitura, pelo
Teatro Municipal e agendei participar do tour noturno que nos transporta para outros tempos, enquanto o guia narra lendas de Minas de Gerais. Esse eu também não posso perder da próxima vez que estiver na cidade.





No centro, outra curiosidade: o Jornal do Poste, fundado em 1958, já virou patrimônio histórico e pitoresco da cidade.


Ah, e não poderia faltar uma igreja. Esta homenageia Nossa Senhora do Carmo e começou a ser construída em 1733. Viu sua torre arder em chamas no século XIX e em 1894 já estava reconstruída para embelezar as alturas de São João del-Rei.



Hora da bóia

Para o almoço, topei sem pestanejar a dica de uma amiga. Conheceria um restaurante perdido no meio do nada e teria a certeza de que há lugares que escondem preciosidades. O próximo destino seria Ritápolis, a 19 Km dali. Há alguns séculos atrás, no ano de 1746, Tiradentes nascia na Fazenda do Pombal, nesse ponto perdido no mapa.
Hoje, lá está o restaurante Saliya, especializado em cozinha árabe. No comando das panelas, o chef André orgulha-se de ter sido reconhecido pela edição do Guia Quatro Rodas de 2011. E a menção é certeira. A cidade onde parece que o tempo parou guarda um cantinho aconchegante, com comida deliciosa. Testei, aprovei e já coloquei na lista de lugares a serem visitados na próxima viagem, com direito a videorreportagem e tudo o mais.


Logo em frente, a igreja Matriz de Santa Rita de Cássia merece ganhar casamentos e festa de celebração matrimonial. Singela, abriga o clima do interior de Minas que povoa o imaginário popular. Lá dentro, algumas senhoras fazem sua novena rodeadas de paz.



É Natal

Dispensando a siesta e seguindo em frente, chegamos em Tiradentes. Igualmente encantadora, como não poderia deixar de ser, ganhou videorreportagem que será publicada na segunda-feira, após os festejos natalinos.

Aliás, está quase na hora de brindar a noite do Papai Noel. E eu aqui terminando de ajeitar as fotos e ouvindo mil fogos-de-artifício explodirem no céu avermelhado de São Paulo... Feliz Natal!

domingo, 19 de dezembro de 2010

Fazendo arte

Dessa vez, na segunda reportagem da série Personalidades, decidi publicar a matéria que escrevi sobre o artesão Roberto Ribeiro. Minha câmera ainda não teve a oportunidade de acompanhar o seu trabalho. Por isso, preferi usar as palavras na tentativa de traduzir o seu talento.


“Arte Solidária” ensina técnicas artesanais para jovens em São Paulo e interior

O artesão Roberto Ribeiro, professor do projeto em Potim, fala sobre a importância da valorização do artesanato

Potim é um ponto perdido no mapa. Assim como Miracatu. A primeira fica a 10 Km de Guaratinguetá (SP), terra de Frei Galvão. Já a segunda é considerada o portal do Vale do Ribeira e está a 137 Km da capital paulista. Em comum, as duas cidades ganharam o projeto Arte Solidária, que oferece aulas de artesanato e empreendedorismo e capacita os jovens para o mercado de trabalho.

A iniciativa nasceu da parceria entre a ACLI (Associazioni Cristiane Lavo-ratori Italiani) e o Instituto Nacional Cidadania e Trabalho. A primeira tem origem italiana, existe há mais de 60
anos e trabalha para fomentar o reconhecimento dos direitos de cidadania. A segunda, uma organização privada sem fins lucrativos, busca criar oportunidades para setores marginais da sociedade. Ou seja, ambas se propõem a ajudar os jovens a terem um futuro profissional mais promissor.

No Arte Solidária da capital, os alunos aprendem a trabalhar com jóias, filtro de café e esculturas em papel. Em Miracatu, têm aulas de artesanato com fibra de bananeira. E no município de Potim conhecem o trabalho com fibra de taboa, uma planta que vive em águas rasas e atinge três metros de altura.

Potim

A cidade tem 19 mil habitantes e poucos afazeres. A economia básica da população consiste na agricultura de subsistência e criação de animais. Além disso, pequenas empresas produzem material usado na vizinha Aparecida do Norte. São imagens de santos e penduricalhos vendidos nas lojas que aproveitam o movimento em torno do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida.

Para sobreviver e garantir outro meio de ganhar a vida, Potim participa do Arte Solidária desde maio. É lá que o artesão Roberto Ribeiro, professor do curso, abre caminho para os jovens descobrirem as belezas que a espiga de taboa pode produzir. E faz a sua parte na divulgação de uma cultura que não deveria ser esquecida: o aprendizado passado de pai para filho.

Trabalho de formiguinha

Quando criança, Roberto aprendeu com a mãe a arte do que hoje é sua profissão. “Toda a família faz artesanato para sobreviver, desde as minhas avós”, conta.“Estamos na quarta geração de artesãos”.

No começo, vendiam seus produtos para pessoas conhecidas. Agora, comercializam as peças em lojas de São Paulo, Rio de Janeiro e Campinas. Entre os clientes estão a Tok & Stok e a ONG Orientavida. Mas quem quer conhecer o seu trabalho pode encontrá-lo no Mercado Municipal de Guaratinguetá.

Tanto sucesso não veio por acaso. “Nosso país descobriu que o artesanato, que é ótima fonte de renda e deixou de ser um subproduto para aparecer nas revistas de decoração e ambientes sofisticados”. Para acompanhar o progresso do novo objeto de desejo, Roberto diz que é preciso muito estudo sobre as mudanças de comportamento. “Só assim conseguimos produzir peças bonitas para satisfazer os clientes que buscam o melhor”, aconselha.

Peças produzidas no curso Arte Solidária, em Potim



Vida longa ao artesanato

As instituições públicas são fontes importantes de apoio ao trabalho artesanal. Desde 1975, o governo paulista mantém a Sutaco (Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades), uma autarquia que coordena o Programa do Artesanato Brasileiro no Estado, auxilia na comercialização das peças e emite a Carteira de Identificação do Artesão, credenciando e legitimando a profissão. Roberto faz questão de mencionar também o SEBRAE, que “está sempre presente, dando novas oportunidades”, e a Casa do Artesão. “Vejo uma em quase todos os lugares”, alegra-se.

Mas será que essa ampla divulgação pode causar certa globalização do artesanato? Para Roberto, isso deve ser evitado. “O ideal é manter a tradição nas pequenas cidades para, então, levar isso para os grandes centros”, diz. Ele cita o Revelando São Paulo, que chegou à sua 14ª edição nesse ano, como um exemplo de que é possível estabelecer um processo de valorização do regionalismo. O evento, realizado pela Prefeitura e pela Secretaria de Cultura de São Paulo, divulga a cultura tradicional do interior. Segundo Roberto, manter as raízes é fundamental. “O artesão deve ficar onde tenha matéria-prima e espaço para levar a tradição adiante”.