segunda-feira, 12 de julho de 2010

Uma outra vitória, não menos importante

Governantes elogiam a anfitriã da Copa, que se superou em vários sentidos

Por Ana Monteiro
África do Sul – Cape Town

A África do Sul está se despedindo da Copa do Mundo. Há um certo ar de tristeza nas conversas de bar, entre os locais: “O que vamos fazer a partir de segunda-feira?” Mas ao mesmo tempo, a maioria está contente com o desempenho de seu país em receber bem os turistas, organizar as partidas e em prover a segurança nos estádios e nas ruas.

Ontem, o mundo viu uma cerimônia de despedida com efeitos nunca vistos no país. E mais do que a capacidade de ter recebido o evento pela primeira vez no continente africano, e do mesmo ter sido bem sucedido, a África do Sul se orgulha de seu povo. Se durante anos a cor determinou ganhadores e perdedores, neste ano os estádios viram as cores simbolizando apenas cores: bandeiras, camisas, rostos e vuvuzelas.

O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, disse ao jornal Sunday Times: “Nós certamente conseguimos o que pretendíamos conseguir e eu penso que não apenas de um jeito razoável, mas de uma maneira extraordinária”. De forma descontraída, como sempre, Lula, que visitou a África do Sul na semana passada a negócios de Estado, elogiou a país sede da Copa: “A única coisa ruim do torneio foi que o Brasil perdeu para a Holanda”.

Em estatísticas, a África do Sul também surpreendeu. Foram mais de um milhão de pessoas cruzando as fronteiras sul-africanas; R 12 bilhões (rand – aproximadamente R$ 3 bi) injetados na economia do país; a maior audiência de um evento esportivo na África do Sul foi obtida durante a partida de abertura, entre os Bafana Bafana e o México: 8 milhões; na partida entre o Brasil e Holanda, em Port Elizabeth, as companhias aéreas bateram o recorde: 180 aviões em um único dia sobrevoaram o Estado. Ainda segundo o jornal Sunday Times, na província de Gauteng, onde está localizada a cidade de Joanesburgo, a criminalidade caiu 60%.

A mistura cultural foi outro acontecimento prazeroso de se presenciar. Nas ruas, restaurantes, hotéis e vans, estrangeiros e nativos trocaram experiências futebolísitcas, econômicas e políticas. Com todos os sul-africanos que tive a chance de interagir, a receptividade foi bastante sincera e afetiva. Se o Brasil possui a fama de ser uma nação alegre, provavelmente tal característica é herança africana dos tempos coloniais.

Depois da decisão desta Copa do Mundo, nos despedimos com a sensação de que o tempo passou rápido, de que a Copa do Mundo poderia durar mais. Mas agora é tempo de esperar que o Mundial venha até nós. Em quatro anos será a nossa vez. Esperamos nos orgulhar de nossa administração pública, de nosso povo, de nosso futebol.

A África do Sul também teve bastante a aprender ao longo de sua história, mas este mês foi seu tempo de ensinar ao mundo que uma nação em desenvolvimento é capaz de surpreender para o bem.

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